Primeiro-ministro japonês prometeu grande volume de recursos na expansão da fonte nuclear para diminuir a dependência russa
A Agência Reuters noticiou que o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, declarou, na semana passada, que traçará uma rota energética pavimentada, especialmente, por usinas nucleares. A expectativa é que o país asiático aporte 150 trilhões de ienes – equivalente a 1,16 trilhões de dólares – na próxima década para cumprir metas de neutralidade de carbono até 2050 e, ainda, reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 46% até 2030.
Dessa maneira, o Japão reverterá as decisões tomadas internamente na esteira do acidente de Fukushima-Daiichi, ocorrido em março de 2011, quando desligou os reatores nucleares de potência e, em substituição, aumentou a importação do gás russo e de outros combustíveis fósseis.
O político, reportou a Reuters, garantiu a participação da geração nuclear na matriz energética nipônica, considerando as eleições em julho e o aumento dos preços no setor de energia. Admitindo a “vulnerabilidade de nossa própria autossuficiência energética”, Kishida deseja fomentar as fontes nuclear e renováveis.
“Utilizaremos reatores com garantias de segurança para contribuir para a redução mundial da dependência da energia russa”, pontuou, acrescentando que “reiniciar apenas um reator nuclear existente teria o mesmo efeito que fornecer 1 milhão de toneladas de novo GNL (Gás Natural Liquefeito) por ano para o mercado global”.
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Geração nuclear no Japão – Fonte: Sistema de Informação de Reatores de Potência da Agência Internacional de Energia Atômica (Pris/AIEA) – clique aqui
Comentário da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN):
Um dos países mais desenvolvidos e “iluminados” do mundo, mas com pouquíssimos recursos naturais à disposição em seu pequeno território, o Japão percebeu, cerca de dez anos depois do acidente de Fukushima, que precisa urgentemente da energia nuclear em seu mix energético. Ao decidir desligar diversos reatores de potência, o país aumentou sua dependência energética externa, passou a utilizar mais combustíveis fósseis, que são caros e poluentes, e aumentou a conta do consumidor. Diversas lições foram aprendidas no pós-Fukushima, e as usinas nucleares nipônicas serão mais seguras diante de acidentes naturais, como terremotos e tsunamis.
Foto: Premiê do Japão, Fumio Kishida, durante entrevista coletiva em Tóquio / Reuters
Fonte: Reuters (matéria disponível no site da CNN Brasil)