Apesar das tensões sobre o fornecimento de gás da Europa, decorrentes da guerra da Rússia na Ucrânia, a Alemanha confirma o desejo de desativar suas usinas nucleares até o fim deste ano. Tal política é criticada pelo comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, que acredita que Berlim deve continuar a utilizar a geração nuclear para garantir a segurança do abastecimento do continente.
Em entrevista à rádio France Inter, o executivo alertou para a frágil situação energética na Europa desde o início da guerra. Em particular, Breton pediu ao país mais rico da Europa, a Alemanha, que reveja sua posição sobre a eliminação precipitada da fonte nuclear na matriz elétrica.
“Ainda existem três usinas nucleares em operação na Alemanha. Em vez de desligá-las no fim do ano como previsto em acordos políticos, seria melhor continuar operando-as por um ou dois anos para resolver esse problema”, explicou.
O comissário acrescentou que é essencial “sairmos da ideologia e nos certificarmos de que estamos bem conscientes das necessidades de hoje, tendo em vista a agenda verde europeia, que é absolutamente essencial”.
Em sua visão, Berlim possui “pés e punhos ligados à Rússia” desde que desligou 23 reatores nucleares como consequência do acidente de Fukushima-Daiichi, no Japão, ocorrido em março de 2011. De fato, a situação ficou muito tensa nos países que mais consomem metano na medida em que a Rússia gradualmente fecha torneiras de gás voltadas para o Velho Continente.
Dois anos do fechamento da central nuclear francesa de Fessenheim
A França também passa por problemas na matriz elétrica, tanto que os três principais líderes das grandes empresas nacionais de energia – Patrick Pouyanné (TotalEnergies), Catherine MacGregor (Engie) e Jean-Bernard Lévy (EDF) – publicaram um artigo no Le Journal du Dimanche (JDD) no qual pedem aos franceses que realizem esforços para economizar eletricidade. Eles destacam que “a melhor energia continua sendo aquela que não consumimos” e que os franceses devem, “coletivamente, agir sobre a demanda de energia, reduzindo o consumo para restaurar a margem de manobra”.
Os líderes das empresas também lamentam que “as capacidades controláveis de produção de eletricidade na Europa estejam sob pressão por opções nacionais ou por programas de manutenção”. Desde o fechamento do segundo reator da central nuclear de Fessenheim, em 29 de junho de 2020, problemas energéticos são comuns.
Uso de carvão – A França está se preparando para religar, no próximo inverno, a usina térmica a carvão de Saint-Avold, localizada no Departamento de Mosela, por precaução, em virtude da situação ucraniana. A informação, revelada pelo conglomerado de mídia europeu RTL, foi confirmada pelo Ministério da Transição Energética no último domingo, dia 26.
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Foto: Comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton
Fonte: Société Française d’Énergie Nucléaire (SFEN)
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