EUA: plano de US$ 6 bilhões para manter usinas nucleares

EUA: plano de US$ 6 bilhões para manter usinas nucleares

Reatores são a maior fonte de eletricidade livre de carbono dos Estados Unidos

Por Ari Natter

O Departamento de Energia dos EUA (DOE, na sigla em inglês) pretende lançar um programa de US$ 6 bilhões destinado a manter usinas nucleares consideradas caras em serviço, fornecendo uma tábua de salvação para um setor impactado por uma série de aposentadorias antecipadas de reatores impulsionadas pela concorrência de fontes de energia mais baratas, mas também menos limpas, como o gás natural.

Financiado por projeto de infraestrutura de US$ 550 bilhões assinado em lei no ano passado, o programa permitirá que proprietários e operadores de reatores nucleares comerciais nos EUA solicitem créditos para usinas que provavelmente fechariam unicamente por razões econômicas – o desligamento das unidades aumentará as emissões de gases de efeito estufa. O DOE deve emitir um documento de orientação esta semana detalhando o processo de requerimento.

Usinas nucleares fornecem mais energia livre de emissões do que todas as fontes renováveis dos EUA combinadas, mas o Departamento de Energia alerta que metade das unidades está em risco de desligamento prematuro devido a fatores econômicos. O governo Biden defende que a manutenção da frota nuclear é estritamente necessária para ajudar a cumprir ambiciosas metas climáticas, incluindo uma rede elétrica livre de carbono até 2035 e o alcance de uma economia de emissão líquida zero até 2050.

Esse Programa de Crédito Nuclear Civil, como é conhecido, pode dar um impulso a operadoras como Public Service Enterprise Group Inc., Constellation Energy Corp. e Energy Harbor Corp. Uma dúzia de reatores estadunidenses já encerrou operação, como na instalação de Indian Point, localizada perto da cidade de Nova Iorque, que ficou às escuras no ano passado. Além disso, as emissões cresceram na medida em que as concessionárias começaram a usar gás natural antecipadamente por motivos econômicos, para substituir a fonte nuclear.

O Departamento de Energia, que vai administrar o programa, planeja divulgar orientações em breve sobre a inscrição no programa e também abrirá um processo de certificação. A agência espera emitir decisões preliminares de abertura de crédito após um período de solicitação de cerca de 30 dias, e “o primeiro ciclo de concessão priorizará e será limitado a reatores que poderão ser desligados em curto prazo”.

Energia nuclear nos EUA – As 93 usinas nucleares estadunidenses fornecem aproximadamente um quinto da eletricidade produzida no país. Saiba mais sobre a geração nuclear nos Estados Unidos no site do Sistema de Informação de Reatores de Potência da Agência Internacional de Energia Atômica (Pris/IAEA, na sigla em inglês): https://pris.iaea.org/pris/CountryStatistics/CountryDetails.aspx?current=US.

Comentário da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN):

O uso da fonte nuclear na geração de energia elétrica não deve ser restringido a questões de ordem econômica, pois ela carrega inúmeros benefícios, como não emissão de gases de efeito estufa, muita segurança, alto fator de capacidade, enorme experiência operacional acumulada (reatores-ano), pequena área para instalação e robustez e firmeza à matriz (energia de base).

Foto: Divulgação

Fonte: Bloomberg (https://www.bloomberg.com/news/articles/2022-04-18/u-s-poised-to-launch-6-billion-effort-to-save-nuclear-plants)