Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 88

Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 88

No último sábado, dia 6, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, expressou sua séria preocupação com o bombardeio de sexta-feira (5) na central nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, e ressaltou a importância crucial de a Agência poder enviar uma missão com especialistas em segurança e proteção física ao sítio o mais rapidamente possível.

A Ucrânia informou à AIEA que o bombardeio danificou o sistema externo de fornecimento de energia da central, mas que duas linhas permaneciam operacionais, segundo Grossi. Além disso, o sistema de proteção de emergência de um dos três reatores em operação da usina foi acionado. Desse modo, essa unidade foi desconectada da rede como resultado dos eventos de sexta-feira, declarou o governo ucraniano.

O país também reportou à Agência que não houve danos aos próprios reatores, nenhuma liberação de radiação e nenhum relato de feridos. No entanto, disse que uma estação de nitrogênio-oxigênio, que apoia as operações da central, e um prédio auxiliar foram danificados. Bombeiros apagaram rapidamente um incêndio na instalação de nitrogênio-oxigênio, que ainda precisa ser consertada. A AIEA também recebeu informações sobre bombardeios perto da instalação de armazenamento de combustível irradiado.

Na manhã de sábado, duas das seis usinas da central nuclear de Zaporizhzhia estavam operando e a situação da radiação era normal, segundo o Governo da Ucrânia. Com base nas informações limitadas disponíveis, o diretor-geral da AIEA assinalou que os especialistas da entidade avaliaram preliminarmente que a atual situação de segurança e de proteção física do sítio parecia estável.

A AIEA salientou que continuará monitorando de perto a evolução da situação, o progresso dos reparos e qualquer implicação de segurança nuclear no local, de acordo com Rafael Grossi. Ele ainda frisou que os eventos de sexta-feira passada violaram vários dos sete pilares indispensáveis de segurança e proteção física delineados pela AIEA no início da guerra promovida pela Rússia na Ucrânia, em particular:

* Pilar 1 (Integridade Física): Qualquer atividade militar – como bombardeio – dentro ou nas proximidades de uma instalação nuclear tem o potencial de causar uma Consequência Radiológica Inaceitável.

* Pilar 2 (Todos os sistemas e equipamentos de segurança e proteção devem estar sempre funcionais): Como resultado do bombardeio, a proteção de emergência foi ativada em uma das unidades de Zaporizhzhia, os geradores a diesel foram colocados em operação e a estação de nitrogênio-oxigênio e um edifício auxiliar foram danificados.

* Pilar 3 (Equipe Operacional): Essa atividade aumenta ainda mais o estresse da equipe operacional.

* Pilar 4 (Fonte de alimentação): Foi comprometida como resultado dos danos no sistema de alimentação externa.

* Pilar 6 (Monitoramento de radiação e prontidão para emergências e respostas): No estado atual do sítio, esse recente bombardeio compromete ainda mais as capacidades de resposta. No entanto, o sistema de monitoramento de radiação ainda está operacional.

Em sua declaração, o diretor-geral da AIEA frisou que qualquer ação militar que coloque em risco a segurança da central de Zaporizhzhia – a maior da Europa – é completamente inaceitável e deve ser evitada.

A AIEA não consegue visitar as instalações ocupadas pelas tropas russas no sul da Ucrânia desde antes do início do conflito, há mais de cinco meses.

Rafael Grossi reiterou que continuará a empreender esforços para enviar uma missão da AIEA ao local, enfatizando que isso ajudaria a estabilizar a segurança nuclear no local.

Salvaguardas

Em relação às salvaguardas, a AIEA continua recebendo dados remotos das quatro centrais nucleares ucranianas operacionais, mas ainda está sofrendo uma perda parcial de transferência de dados de salvaguardas da central nuclear de Chernobyl.

Por fim, a Ucrânia também informou à AIEA que dez de seus 15 reatores nucleares de potência “operacionais” estão atualmente conectados à rede, incluindo dois em Zaporizhzhia, três em Rivne, três em South Ukraine e dois em Khmelnytskyy.

Leia a declaração original do diretor-geral da AIEA, em inglês, aqui.

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Foto: Bandeira da AIEA / Divulgação

Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)