Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 127

Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 127

A central nuclear ucraniana de Khmelnitski (KhNPP, na sigla em inglês) perdeu todo o acesso à rede elétrica na última terça-feira, dia 15, devido a ataques militares no país, forçando-a a depender temporariamente de geradores a diesel para energia de reserva, declarou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, anteontem, dia 16. Segundo ele, tais informações foram passadas por autoridades da Ucrânia.

A conexão do sítio de Khmelnitski com a rede foi completamente perdida às 18h35 (horário local) do dia 15, depois que as quatro linhas de energia em operação na central foram progressivamente perdidas ao longo de um período de duas horas e meia em virtude de ataques de mísseis à infraestrutura de energia da Ucrânia, segundo o governo reportou à AIEA. Nesse ínterim, os dois reatores em operação de KhNPP foram desligados, interrompendo o fornecimento de eletricidade para residências, fábricas e outras instalações.

Mais de nove horas depois – às 03h45 da manhã do dia 16 – a central recuperou o suprimento externo de eletricidade por meio de duas linhas de backup de 330 quilovolts (kV) e, por isso, os geradores a diesel foram desligados. Uma dessas linhas foi novamente perdida cerca de uma hora depois e só foi restabelecida às 11h25 do horário local. Os dois reatores permanecem em modo de desligamento.

Outra central nuclear também localizada no oeste da Ucrânia – Rivne – perdeu a conexão com uma de suas linhas de energia de 750 kV na tarde do dia 15. Como resultado, o sítio reduziu sua produção de energia e um de seus quatro reatores foi desconectado automaticamente. Às 4h de anteontem (16), a instalação aumentou a potência de uma de suas outras unidades para continuar fornecendo eletricidade à rede ucraniana.

Na medida em que a maior central nuclear da Ucrânia e da Europa – Zaporizhzhia – perdeu energia externa diversas vezes durante o atual conflito militar promovido pela Rússia, os eventos do último dia 15 escancararam a frágil situação de segurança e proteção física também em outras instalações nucleares ucranianas. O país do leste europeu possui 15 reatores de potência instalados em quatro sítios, sem contar com o de Chernobyl, cujas quatro unidades estão desativadas.

“Foi um acontecimento muito preocupante. Ele mostra os riscos potenciais de segurança e proteção física enfrentados por todas as instalações nucleares da Ucrânia durante essa terrível guerra, não apenas na central de Zaporizhzhia. Embora a energia externa esteja de volta ao sítio de Khmelnitski, a perda de energia ocorrida no dia 15 demonstra claramente que a situação de segurança e proteção física nuclear na Ucrânia pode piorar repentinamente, aumentando o risco de uma emergência”, lamentou Grossi.

Reatores precisam de energia para resfriamento e outras funções essenciais de segurança e proteção física nuclear inclusive quando estão desligados e não produzem eletricidade. No caso de uma perda de energia externa, eles têm geradores a diesel de emergência que podem fornecer energia elétrica de backup por um período limitado de tempo, geralmente de alguns dias.

A perda de energia na central de Khmelnitski ocorreu apenas um dia depois de a AIEA ter anunciado que enviaria nas próximas semanas missões de segurança e proteção física nuclear para esse sítio, bem como para os de Rivne, South Ukraine e Chernobyl. Essas missões estão sendo organizadas a pedido do Governo da Ucrânia.

“Estaremos nessas centrais nucleares em um futuro próximo como parte de nossa assistência constante à Ucrânia em seus esforços para manter a segurança e proteção física nuclear e prevenir um acidente durante o conflito”, pontuou o diretor-geral da AIEA.

A Agência já conta com uma equipe de especialistas continuamente presente o sítio de Zaporizhzhia.

Leia a declaração original do diretor-geral da AIEA, em inglês, aqui.

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Foto: Bandeira da AIEA / Divulgação

Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)