A Ucrânia informou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que um bombardeio causou uma explosão perto da central nuclear de South Ukraine (SUNPP, na sigla em inglês) na manhã de ontem, dia 19, impactando três linhas de energia e danificando janelas na instalação. A informação é do diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi.
O governo ucraniano também informou à instituição, que é vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), que a explosão ocorreu a cerca de 300 metros do sítio. As linhas de energia afetadas não incluíam nenhuma das linhas de 750 quilovolts (kV) que conectam a central nuclear à rede elétrica.
A operadora nacional de energia nuclear da Ucrânia, Energoatom, disse que os três reatores de South Ukraine continuam funcionando normalmente e que nenhum funcionário ficou ferido. As três linhas de energia foram reconectadas automaticamente após um curto período. O SUNPP está localizado a cerca de 250 km da central nuclear de Zaporizhzhia, a maior do país e da Europa. A Ucrânia possui mais duas centrais nucleares em operação: Rivne e Khmelnytskyy, que abrigam, respectivamente, quatro e dois reatores – existem outros dois em construção no último sítio.
Em outro marco significativo que abrange riscos severos contínuos para a segurança e proteção física nuclear durante o atual conflito na Ucrânia, uma linha de energia usada para fornecer eletricidade da rede ucraniana à Zaporizhzhia por meio do pátio de uma usina térmica próxima foi desconectada no último domingo, dia 18, de acordo com especialistas da AIEA presentes no local. A causa ainda não está clara.
A central de Zaporizhzhia – cujos seis reatores estão atualmente em estado de desligamento a frio – ainda recebe a eletricidade necessária para as funções essenciais de segurança de uma linha de energia externa de 750 KV que foi restaurada na última sexta-feira, dia 16, mas agora não tem acesso à energia de backup da rede, segundo a AIEA.
“A situação em Zaporizhzhia continua frágil e precária. Na semana passada, vimos algumas melhorias em suas fontes de alimentação, mas fomos informados sobre um novo revés nesse sentido. O sítio está localizado em uma zona de guerra e a sua situação está longe de ser considerada segura. Portanto, uma zona de segurança e proteção física nuclear deve ser estabelecida com urgência no local”, declarou Rafael Grossi.
Ainda nesta semana, o diretor-geral visitará as Nações Unidas em Nova Iorque visando consultas de alto nível sobre uma zona de segurança e proteção física em torno de Zaporizhzhia, que tem sido frequentemente bombardeada nos últimos dois meses. Não ocorreram bombardeios na própria central nuclear recentemente, mas eles prosseguem em áreas próximas ao sítio, explicou.
“Embora recentemente tenhamos focado na necessidade urgente de ação para evitar um acidente em Zaporizhzhia, estabelecendo uma presença da AIEA no local desde o início do mês, a explosão perto de South Ukraine demonstra claramente os perigos potenciais também em outras instalações nucleares da Ucrânia”, pontou o diretor-geral da AIEA. E completou: “Qualquer ação militar que ameace a segurança e proteção física nuclear é inaceitável e deve parar imediatamente”.
Como parte da assistência e apoio da AIEA à Ucrânia para garantir a segurança e proteção física durante o conflito, Grossi viajou para SUNPP em março. Essa foi a primeira das três missões da AIEA no país lideradas por ele nos últimos seis meses, já incluindo a de Zaporizhzhia ocorrida em setembro.
Leia a declaração original do diretor-geral da AIEA, em inglês, aqui.
+ Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 103 (em inglês – fonte: IAEA)
+ Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 102
+ Situação na usina nuclear de Zaporizhzhia é ‘insustentável’ e zona de proteção é necessária, diz Grossi ao Conselho de Governadores da AIEA (em inglês – fonte: IAEA)
+ Nuclear Safety, Security and Safeguards in Ukraine – 2nd Summary Report by the director general (28 April – 5 September 2022)
Foto: Bandeira da AIEA / Divulgação
Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)