Coreia do Sul quer construir seis usinas nucleares na Polônia

Coreia do Sul quer construir seis usinas nucleares na Polônia

A Korea Hydro and Nuclear Power (KHNP) apresentou à Polônia uma “oferta técnica e de preço” para a construção de seis usinas nucleares com reatores modelo APR-1400.

A delegação da KHNP foi liderada pelo seu CEO, Jeong Jae-hoon, com o apoio do chefe de Desenvolvimento de Negócios, Yoosik Nam. A oferta prevê “a construção de seis reatores APR1400 com uma capacidade instalada total de 8,4 GW, com o primeiro entrando em operação segundo o cronograma adotado no Programa de Energia Nuclear Polonês, ou seja, em 2033”, disse o Ministério do Clima e Energia do país europeu.

O CEO levou uma carta do ministro sul-coreano de Comércio, Indústria e Energia, Moon Seung-wook, que “transmitiu o total apoio do governo coreano” para a oferta. Eles foram recebidos pelo vice-ministro polonês do Clima e Meio Ambiente, Adam Guibourgé-Czetwertyński, e Piotr Naimski, político proeminente na área de Infraestrutura Estratégica de Energia.

O Governo da Polônia observou que três fornecedores manifestaram interesse no programa de geração nuclear do país: Westinghouse (EUA), EDF (França) e KHNP (Coreia do Sul). Além da oferta sul-coreana recém-chegada, já existe uma da EDF baseada no projeto do reator EPR2. Já a oferta da Westinghouse, voltada na tecnologia AP1000, deverá ser enviada até setembro deste ano.

O programa nuclear da Polônia prevê seis reatores entre 1 e 1,5 gigawatt-elétrico (GWe), com o primeiro funcionando a partir de 2033 e os subsequentes a cada dois anos. Eles substituiriam usinas térmicas a carvão, que fornecem 73% da eletricidade do país. A primeira central será no norte da região do Mar Báltico e o respectivo Estudo de Impacto Ambiental foi submetido aos reguladores no fim de março.

O reator de tecnologia sul-coreana APR-1400 é do tipo de água pressurizada (PWR, na sigla em inglês) com origem no modelo CE System 80+. Projetado principalmente pela Korea Engineering Company, ele produz 1.400 megawatts-elétricos (MWe) e tem uma vida útil de 60 anos. Ele sucedeu o projeto padronizado de 995 MWe OPR-1000, adotado em 12 usinas nucleares construídas no país asiático.

As duas primeiras unidades APR-1400 – Shin Kori 3 e 4 – entraram em operação comercial em dezembro de 2016 e setembro de 2019, respectivamente. As construções de mais dois APR-1400 (Shin Kori 5 e 6) começaram em abril de 2017 e setembro de 2018. Eles deverão ser comissionados em março de 2023 e junho de 2024.

A Coreia do Sul já exportou a sua tecnologia aos Emirados Árabes Unidos, pois quatro reatores APR-1400 foram construídos na central nuclear de Barakah, a primeira do Oriente Médio – um foi conectado à rede em agosto de 2020 e outro em setembro de 2021.

Comentário da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN):

A Coreia do Sul deu início ao seu programa nuclear na mesma época do Brasil, em meados dos anos 1970. Inclusive, sua primeira usina nuclear é semelhante à nossa, Angra 1. Atualmente, o país asiático possui 24 plantas nucleares em operação e quatro em construção, além de ser exportador de tecnologia. Uma lição a ser seguida!

Foto: Delegações da Polônia e da Coreia do Sul (Imagem: KHNP)

Fonte: World Nuclear News – WNN (https://www.world-nuclear-news.org/Articles/Korea-offers-six-reactors-to-Poland)